sábado, 4 de abril de 2015

DOM TOMÁS DE AQUINO: LA PERVERSIÓN DEL ESPÍRITU (PORTUGUÉS).-

A Perversão do Espírito

         Desde os anos 90 o superior general da Fraternidade e seus conselheiros mais próximos se entregaram a uma tenebrosa tarefa: conduzir a Tradição aos braços da Roma modernista. Conscientes ou não da gravidade de seu crime, é exatamente isso o que fazem. Dom Fellay destrói a obra de Dom Lefebvre. A infantilidade de Dom Gérard, como o estigmatizara Dom Lefebvre, retorna sob a pena e pelo pensamento de Dom Fellay e de seus assistentes: «Lendo-os», escreve este a seus confrades no episcopado (carta de 14 de abril de 2012), «perguntamo-nos seriamente se credes que esta Igreja visível cuja sede está em Roma é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo (…).» Dom Fellay embaralha as cartas. Dom Fellay lança a confusão, esquecendo as distinções que fizera Dom Lefebvre com tantos outros eminentes teólogos e pensadores católicos. «A Fraternidade São Pio X jamais deixou a Igreja. Ela está no coração da Igreja. Ali onde está a pregação autêntica da fé, ali está a Igreja», escreve com razão Dom Tissier (Rivarol – 13 de junho de 2012). Mas Dom Fellay está seduzido por uma ideia que deitou profundas raízes em seu espírito: a regularização canônica, há que obtê-la a todo e qualquer custo. Isso já está esquecido, dirão alguns. Dom Fellay acaba de opor-se às declarações de Dom Pozzo a respeito da questão. Ah! Dom Fellay engana os seus. Ele oculta a verdade, e isso já desde há muitos anos. Ele não retirou nada de suas afirmações. «Esta situação concreta, com a solução canônica que se propõe, é muito diferente da de 1988», escreve ele em resposta à carta dos três bispos, Dom Williamson, Dom Tissier e Dom de Galarreta.

         Mas tudo isso é passado, repetirão os partidários de Dom Fellay. Mas então por que o Padre Alain Nely disse a uma superiora de um convento: «A solução para a Fraternidade será um reconhecimento unilateral»? E ainda: «Eles não exigirão que se assine nada, não haverá nenhum documento e não será necessária nenhuma assinatura». Isso se passava há cerca de um ano.
         Por seus passos à frente e atrás, Menzingen mantém em suspenso os seus que creem de boa-fé. Seja qual for sua duvidosa e estranhíssima boa-fé em que absolutamente não creio, o fato é que o comportamento de Dom Fellay, considerado em conjunto, indica muito claramente a causa final que o move. Esta causa é uma reaproximação com uma Roma supostamente no caminho da conversão. Esta causa final é o pragmatismo das tratativas graduais de Dom Fellay porque Roma não se converterá de uma só vez. Como se converterá Roma? Só Deus o sabe. O que é conhecido de todos é que a Roma modernista pode alinhar uma longa série de túmulos, onde suas vítimas estão ocultas na sombra da morte: Padre Augustin, Dom Gérard, P. de Blignères, São Pedro, Campos, Redentoristas, Oásis, Irmãos da Imaculada, etc. Nesse belo cemitério, ainda há lugar para a Fraternidade São Pio X. Se isso não dependesse senão de Dom Fellay, a coisa estaria feita. Mas para alguns na Fraternidade as comunidades «Ecclesia Dei» não estão em tão má situação. A Fraternidade estaria em boa companhia nesse belo meio.
         O impressionante é ver o comportamento dos fiéis. Como explicar as poucas reações de sua parte? Do mesmo modo e ainda mais, o dos padres. Certamente eles esperam algo pior para agir. Uma assinatura. Mas o Padre Nely já disse: «Eles não exigirão que se assine nada, não haverá nenhum documento».
         A força de Menzingen reside em ocultar a verdade. Mas, sobretudo, sua força é a fraqueza dos bons. Menzingen pesou em sua balança a força da Tradição e pôde dar-se conta de sua fraqueza ou de sua ingenuidade. A Tradição tem princípios invencíveis, mas, quanto à força de ater-se a estes princípios, a coisa é muito diferente. A isso há que acrescentar a cumplicidade da vida mesma. É mais fácil para quem não tem mulher nem filhos tomar uma decisão difícil, mas não assim para quem tem dez filhos para pôr numa boa escola. Para os padres, trata-se de outra coisa. Cabe a cada um medir suas responsabilidades.
         Menzingen tornou-se mestre na arte de governar à maneira de Maquiavel. Privacidade de e-mails invadida e exposta, processos iníquos do Padre Pinaud e do Padre Salenave. Sanções impiedosas contra bons padres que ousam defender o pensamento e as diretivas de Dom Lefebvre.
         Mas esses fatos parecem perder-se nas memórias. Dom Fellay mudou, dizem alguns. Ele já não quer acordo. As coisas vão arranjar-se. Não há fogo na casa. Puro subjetivismo! Puro sentimentalismo!

         «Quanto mais analisamos os documentos do Vaticano II e sua interpretação pelas autoridades da Igreja, tanto mais nos damos conta de que não se trata de erros superficiais nem de alguns erros particulares como o ecumenismo, a liberdade religiosa, a colegialidade, mas antes de uma perversão total do espírito, de toda uma filosofia nova fundada sobre o subjetivismo… É muito grave! Uma perversão total… É verdadeiramente assustador» (Dom Lefebvre, citado na carta de 7 de abril de 2012 dos três bispos a Dom Fellay e seus assistentes). Será que a Tradição mesma começa também a cair nesse abismo? Infelizmente parece que sim. Um rei fraco torna fraco um povo forte, dizia um grande poeta português, Luís de Camões. Dom Fellay é esse rei. Que ele não consiga atingir seus fins e que o amor da verdade possa novamente reflorescer no seio da Tradição. Que o pequeno resto «pusillus grex» seja aguerrido neste novo combate, nesta crise na crise, nesta crise no interior da Tradição, e que a hipocrisia de Menzingen seja conhecida e repelida com o vigor que convém a discípulos d’Aquele que morreu porque veio a este mundo para dar testemunho da verdade (cf. Jo. XVIII, 37).